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Jornal da Ascipam

www.ascipam.com.br

Setembro | 2016

Os desafios e perspectivas do

agronegócio nacional, abordados

pela Ascipam durante o “Café com

Ideias”, no final de agosto, foram a

válvula de escape para os protestos

dos produtores rurais da região de

Pará de Minas, totalmente pressio-

nados pelo descompasso existente

entre a rigorosa legislação e a fal-

ta de estrutura governamental no

atendimento das demandas da

classe.

Além de produtores de vários

segmentos, o evento reuniu os

presidentes da FAEMG, Roberto Si-

mões; da Associação dos Aviculto-

res de Minas Gerais (AVI-

MIG), Antônio Carlos

Costa; da Associação

dos Suinocultores

de Minas Gerais

(ASEMG), Antônio

Ferraz; da Asso-

ciação dos Frigo-

ríficos de Minas

Gerais, Espírito

Santo e Dis-

trito

Federal (AFRIG), Sílvio Silveira;

além de outros dirigentes sindicais

da região e autoridades como o

deputado estadual Inácio Franco,

prefeito Antônio Júlio de Faria,

presidente da Câmara Municipal,

Geovane Correia, e o promotor de

justiça, Delano Azevedo, Curador

do Meio Ambiente na Comarca de

Pará de Minas, dentre outros.

Mas a presença de maior desta-

que foi a do secretário de Estado

de Meio Ambiente, Jairo Isaac, que

a convite da Ascipam veio acom-

panhar de perto as demandas da

região. No cargo há apenas três

meses, ele está se inteirando

dos problemas e para agili-

zar as ações fez questão

de trazer dois subse-

cretários – Anderson

Aguilar e Marília Melo,

que tiveram a oportu-

nidade de alinhavar

algumas medidas que

serão tomadas em

breve.

O porta

voz dos produtores foi Eugênio Di-

niz, presidente do Sindicato Rural

de Pará de Minas, que detalhou

as situações revoltantes que têm

causado graves prejuízos à classe.

A maioria delas está relacionada a

questões burocráticas, a exemplo

da morosidade na liberação de

documentos importantes, multas

injustas, fiscalização abusiva, con-

dicionamento de crédito rural me-

diante documentação ambiental,

dentre outros.

O promotor Delano Azevedo

também abordou o assunto, refor-

çando a denúncia sobre a demora

na liberação do licenciamento. “O

pior é reconhecer a falência do Es-

tado como órgão de licenciamento

ambiental. Existem inúmeros em-

preendimentos que ingressaram

com pedido de licenciamento há

três ou quatro anos, mas ainda não

obtiveram a licença. E, apesar de

a documentação não ser liberada,

as multas são aplicadas. Essa atu-

ação é contraditória e prejudicial

para o produtor rural. Queremos

que o agropecuarista se regularize

e mantenha sua reserva legal cer-

cada, que preserve e não polua os

rios. Todavia, é primordial entender

que, muitas vezes, ele busca essa

regularização e o órgão ambiental

não emite a resposta necessária em

tempo hábil, causando essa aflição

que a gente vê entre os empresá-

rios do campo”, argumentou.

O secretário Jairo Isaac ouviu

atônito as denúncias, admitindo

que não esperava encontrar tan-

tos problemas, mas foi incisivo ao

dizer que não é um homem de

promessas e sim de ação. Após os

debates, aconteceu uma mesa re-

donda em que foi acordada uma

série de medidas em curto prazo:

revisão das multas aplicadas, a par-

tir da formalização do protocolo de

defesa, agendamento e celeridade

nos atendimentos da Supram/Di-

vinópolis, padronização das ques-

tões técnicas e um convênio entre

o Governo de Minas e a Prefeitura

de Pará deMinas para facilitação da

emissão de alguns licenciamentos

ambientais.

Com o dedo na ferida – Para resolver problemas

dos produtores rurais, ASCIPAM traz a Pará de

Minas Secretário de Estado de Meio Ambiente

Eugênio Diniz, Presidente do

Sindicato Rural de Pará de Minas:

“Gostaria de cumprimentar a

Ascipampela realização do evento.

Presenciamos aqui uma situação

diferente, pois ouvimos a fala

do superintendente da SUPRAM

reconhecendo a ineficiência do

Estado. Isso pra mim é um grande

avanço, pois comprova o que

estamos dizendo há muito tempo.

O Estado não consegue suprir as

demandas do setor e, alémdisso,

veio de uma greve. Respeito o

funcionarismo público e sei de

suas dificuldades, mas voltei a

dizer que o meio ambiente é um

relógio fora de sincronia e com o

ponteiro quebrado, que dificulta

quem trabalha. A solução está com

eles, basta haver vontade política.

Foi muito importante este debate,

reunindo os empresários para a

discussão de soluções. Gostaria de

ressaltar as palavras do promotor

Delano Azevedo, afirmando que é

possível fazer semmultar. Foi muito

válido e estou à disposição para

novos desafios. Saio esperançoso,

sim, de que muita coisa mudará no

Estado de agora em diante.”

Bruno César Barbosa de Faria,

veterinário da Granja Pinduca:

“Foi

um evento de grande valia para

nós, que temos enfrentado muitas

dificuldades, principalmente

nessa área ambiental, por causa

do licenciamento e das multas. O

pessoal que é responsável pela

fiscalização e liberação das licenças

não tem disponibilidade nem

estrutura para agilizar o processo;

e muito menos tempo para verificar

o que realmente precisa ser feito

nas propriedades.”

Frederico Nunes de Oliveira,

produtor rural:

“Acho que foi muito importante a

realização deste evento. Por causa

da SUPRAM nada se resolve, pois

estão totalmente sem saber o que

fazer. Fiz investimentos, desenvolvi

umprojeto exemplar emMinas,

que é o tratamento de dejetos. Faço

reaproveitamento do adubo e tenho

todas as documentações necessárias,

mas ainda não consegui a licença.

Acham tudo bonito e arrumado,

mas insistem emmultar. Já estou

sem condições de investir, porque

através do Banco do Brasil preciso

de outorga de água e licenciamento,

documentos que a burocracia

me impede de obter. O projeto

foi entregue, aceito e liberado,

estou apto a produzir – tanto na

avicultura e suinocultura –, mas falta

a licença ambiental que a SUPRAM

não libera. Estamos saturados e

nos sentimos lesados. Eles não

possuemprofissionais capacitados

e, enquanto isso, ficamos de mãos

atadas e desmotivados.”