Mais uma vez, a Ascipam, através de sua diretoria, se reuniu com representantes do Poder Público para discutir ações e buscar soluções efetivas que ajudem as pessoas em situação de rua. A reunião aconteceu na sede da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, com a presença de representantes do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas, do Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), de igrejas evangélicas, das Polícias Civil e Militar, além do promotor da Vara Criminal de Pará de Minas, Renato Vasconcelos.
O presidente da Ascipam, Misael Almeida, frisou a preocupação da entidade com os empresários, que já não suportam a situação. Falou sobre sua experiência com alguns pedintes com quem teve contato e a forma desumana em que estão vivendo. Muitos caminhos foram apontados, como por exemplo, a criação de um albergue que ainda não existe em Pará de Minas.
Atualmente, a Secretaria de Ação e Desenvolvimento Social oferece um abrigo para quem está tentando mudar sua vida e que, no momento, acolhe 12 pessoas. Já o Centro POP atende em média 25 pessoas que tem família em Pará de Minas, mas estão em situação de rua. No local, é oferecida ajuda para que elas possam se alimentar e cuidar da higiene pessoal. Além disso, os moradores de outros municípios – cerca de 45 pessoas – também são amparados e recebem passagem para retornarem para suas cidades.
O Promotor de Justiça, Renato Vasconcelos, ressaltou que é preciso construir estruturas para lidar com os moradores de rua e isso exige efetividade dos órgãos públicos: “Precisamos pensar em tratar a situação do morador de rua, não com o intuito de criminalizar, mas de respeitar a dignidade humana. Obviamente que, em caso de crime, a polícia agirá. No momento em que todos os instrumentos da assistência social não funcionaram, é preciso que sejam adotadas medidas mais extremas. Vimos que faltam estruturas para lidar com os moradores de rua, como, por exemplo, um abrigo. Durante a noite, não temos estruturas deste tipo em Pará de Minas e esse é um fator fundamental, pois é o ponto inicial para o tratamento dessas pessoas.”
Segundo o promotor, a campanha para que a população não doe dinheiro é importante: “O que os especialistas afirmam é que a maioria dos moradores de rua são viciados em algum tipo de droga e fatalmente vão usar grande parte ou tudo que arrecadam nas ruas para o consumo de substâncias ilícitas, fomentando o tráfico e o vício. Doar dinheiro, portanto, é uma forma indireta de praticar mais dano a estas pessoas. Um dos caminhos para resolver este problema é interromper estas doações, que incentivam estes indivíduos a permanecerem nas ruas.”
Existem vários tipos de pedintes e nos dias de pagamento é nítido ver pessoas nas proximidades dos bancos, esperando esmola. Muitos deste indivíduos já são conhecidos em Pará de Minas, não aceitam intervenção da Assistência Social e vem de outras cidades em datas específicas para mendigar. Alguns deles apresentam problemas de transtorno mental que podem piorar com o consumo de drogas. Outros são usuários de drogas que saíram de casa, pois já não são mais aceitos pela família.
A campanha para que não se doe dinheiro continua. O cidadão pode ajudar, encaminhando ou instruindo o morador de rua a procurar a Assistência Social, onde ele receberá a ajuda que necessita. Já em casos de delitos, como abuso por parte do pedinte ou tráfico e consumo drogas, a Polícia Militar deve ser acionada.