Escolhida pela população e associados da Associação Empresarial de Pará de Minas, Maraíse Estefane Silva recebeu o troféu de Empresária do Ano 2017 ao lado de seus familiares, amigos e colaboradores, em uma noite de muita emoção: “Trabalhamos muito para ganhar destaque no mercado e conseguir levar para nossos clientes o que há de melhor. Estou muito feliz, pois esta é a confirmação de que estamos no caminho certo. Foram noites sem dormir, sendo que já chegamos a trabalhar 48 horas direto e sem dinheiro. No entanto, a base da nossa empresa foi construída com muito esforço, dedicação e amor. O que sentimos pelo sorvete é amor e o segredo do sucesso é amor.”
O sorvete entrou na vida de Maraíse, profissionalmente falando, quando ela tinha dez anos de idade e foi trabalhar na pequena fábrica de um vizinho. Tempos depois, decidiu ganhar a vida como “sacoleira” e aos 16 anos ganhou o primeiro emprego de carteira assinada, numa loja de malhas. Com tino para o comércio e muita dedicação, não demorou muito para chegar à gerência. Foi quando iniciou o curso de Administração na Faculdade de Pará de Minas (Fapam) e, na medida em que aprendia mais sobre o mundo dos negócios, decidiu que seu grande projeto de vida passava mesmo pela produção de sorvetes. Os colegas de faculdade participaram daquele sonho, ajudando a criar o nome em um projeto experimental desenvolvido na sala de aula. E lá foi ela, com a cara e a coragem, investir na Devorê.
O sonho de Maraíse era do tamanho do mundo e sentindo que ela tinha potencial, Rodrigo entrou na sociedade e lhe emprestou parte do dinheiro para que ela embarcasse na viagem que seria sua grande realização de vida. Nasceu, então, a Devorê, no bairro Santos Dumont, num pequeno cômodo ao lado da casa onde a empresária morava. A vida da proprietária virou do avesso, pois só havia tempo para trabalhar e estudar. Todavia, a família ajudava a aliviar a carga, sendo que foi exatamente um dos irmãos de Maraíse quem conseguiu os primeiros pontos no comércio para a venda de picolés.
Exigente, Maraíse também buscava mais qualidade. Mesmo com tantos cursos na indústria sorveteira, sentia que faltava muito para crescer. E cá pra nós: nem achava os produtos tão saborosos assim. Sua convicção era produzir somente picolés e sorvetes artesanais. E produzir bem, sem ânsia para ganhar dinheiro rápido, na certeza de que a Devorê se tornaria conhecida no mercado por oferecer produtos diferenciados. Quando alguém dizia que os consumidores nunca sairiam do centro para ir ao Santos Dumont, o coração ficava apertado, mas ela seguida em frente.
Toda essa garra anestesiou a dor causada pela crise financeira gerada por um período de muita chuva na cidade, em 2011, quando a empresária abria e fechava a Devorê sem vender nada. A proprietária acabou com sua reserva financeira, renegociou dívidas e assumiu muitas funções pela ausência de funcionários, chegando a trabalhar até 18 horas por dia. E chorava escondido, na esperança das lágrimas aliviarem a alma.
Levou um ano para reequilibrar a situação financeira e, durante esse período, Maraíse entendeu que precisaria de uma receita especial para ser o carro-chefe da empresa. Aconteceu! O mercado ganhou um sorvete maravilhoso: Ninho Trufado. Ele foi o divisor de águas da Devorê que, àquela altura, também já tinha elevado muito o nível da produção.
Ao longo desses sete anos, muita coisa mudou na sorveteria, que se lançou no mercado em um estabelecimento com apenas três metros quadrados. Hoje, com uma fábrica no bairro Dom Bosco e mais de uma centena de pontos de venda na região, também aposta no segmento de franquias. Já são três e, no ano que vem, outras dez virão. Em 2020, está prevista a inauguração da nova fábrica, com 2.000 metros quadrados.
Rodrigo também passou a gostar muito do negócio e nem se lembra mais dos tempos em que advogava. Seu negócio hoje é acompanhar a produção, que continua artesanal em seus mais de 50 sabores de sorvete e outros 16 de picolé, além da linha zero açúcar.
Maraíse continua trabalhando muito. Suas jornadas são extensas, mas a alma se renova todos os dias para manter a filosofia da Devorê, que é produzir alimentos saudáveis, somente com ingredientes naturais e livres de gorduras. Com apenas 28 anos de idade, ela sabe que ainda tem muito a crescer e que pode chegar onde quiser, se mantiver bem vivo no peito o sonho de amar a produção do sorvete que os consumidores vão reconhecer como o melhor.
E que venham os novos desafios, porque ela decidiu também que o futuro já começou, porque o momento de se fazer o melhor é agora.