O nebuloso cenário econômico nacional está impondo ao país uma das fases mais difíceis de sua história. Com retração da indústria, aumento do desemprego, inflação em alta e uma enorme frustração dos cidadãos, o pessimismo toma conta da nação.
Pior que isso só mesmo a descrença com os rumos da política que, a cada dia, surpreende a nação com escândalos e novas denúncias de corrupção. Ainda há esperança? Embora a maioria acredite que não, o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior, continua otimista e cheio de fé no Brasil, como demonstra nessa entrevista:
De onde vem todo esse otimismo, Dr. Olavo?
Pode soar estranho falar nisso agora, quando estamos mergulhados em uma crise política, econômica e no campo social. Mas, na verdade, ser otimista não significa ser ingênuo. Representa compreender a realidade e agir com firmeza e energia para transformá-la, por maiores que sejam os obstáculos a remover e os desafios a vencer.
O senhor defende, então, a união de todos para vencer a crise?
Chegamos ao fundo do poço e para sair dele precisamos dos nossos vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, governadores, senadores e da presidente da República. O Brasil tem que ajustar a economia a um novo patamar.
E como o senhor está avaliando as medidas anunciadas?
O campo político precisa acabar com essa guerra entre os três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), com algumas medidas sem nenhuma preocupação com os efeitos da decisão. O ajuste é um remédio necessário, mas a dose não pode ser excessiva, sob pena de matar o paciente.
Qual a dose exata então?
A adoção do ajuste fiscal proposto pelo governo federal é inteiramente necessária. Mas não pode ser limitada, como está ocorrendo, ao aumento de impostos e ao patrocínio de medidas que penalizam os cidadãos pela via do contingenciamento de despesas.
Nesse caso, o caminho correto passaria por onde?
O governo deveria mudar a forma de combater a crise econômica, seguindo o exemplo dos Estados Unidos, adotando a redução da taxa de juros e propondo incentivos à produção para retomar o crescimento. A verdade é que o combate à crise pela via da recessão já foi utilizado incontáveis vezes em nosso país e fracassou.
Estamos na 14ª posição do Relatório Competitividade Brasil. Como melhorar o desempenho?
Temos propostas nos campos fiscal e tributário, envolvendo a revisão da legislação para reduzir obrigações assessórias das empresas, crédito de insumos utilizados na atividade produtiva e ampliação das formas de utilização dos créditos acumulados de ICMS. Na área de financiamentos, entendemos ser necessário fortalecer o BDMG por meio de maior dotação financeira no capital do banco e, a partir daí, estruturar na instituição novas modalidades de crédito. Na área ambiental, propomos alterações nos parâmetros para licenciamento ambiental estadual e a priorização das autorizações ambientais para obras de infraestrutura. Vamos apresentar isso e muito mais ao governo.
Então, ainda podemos ter fé?
Minha mensagem é de fé e otimismo sempre.