O Bem e o Mal
Às vezes me pergunto que prazer existe em ver e saber o dramático. Vendem-se jornais e revistas aos milhares, desde que estampem crimes violentos, mortes em massa, falcatruas, carnificinas, pessoas esquartejadas, estranguladas, varadas por balas - quanto mais grosso o calibre, maior o impacto - ou que sofreram requintes de crueldade, fascinam a população ou grande parte dela.
Homens e mulheres, corpos talhados a anabolizantes e bisturis, beirando a anomalia, também tem seus aspectos observadores. Mesmo mascarando o exibicionismo com o nu artístico...
Mais amena, porém não menos doentia, é a necessidade de vasculhar a vida alheia. Saber se a Xuxa tem namorado, se a Ana Maria Braga vai se casar pela décima vez ou se o Ronaldinho é bissexual, parece-me vital para boa parcela de leitores. Então dá-lhes fofoca!
Pequena, quase insignificante, é a classe que lê o caderno de cultura, que se emociona com o humilde que encontra uma carteira cheia e a devolve. Nem mesmo a mãe que salva um filho, se colocando diante da morte em lugar dele, merece mais que umas poucas linhas. Tal fato não merece destaque. A origem da fatalidade, sim!
Sem psicologia, usando apenas a experiência da vida, ouso dizer que o mal atrai, que o perverso humaniza - ou seria, animaliza? - que o ser humano quer é saber de alguém em situação bem pior do que a sua. Infelizmente!
Porém, há que se louvar aquele que insiste em apresentar bons textos, leitura saudável. Mostrar as belezas, as realizações, quiçá apontando caminhos, deveria ser a meu ver, primordial.
Enfim, fica o registro por uma apologia do bem, que desde o início dos tempos, vem duelando com o mal.
Maio 2008