Dumas Coutinho

Plantando batata



Dumas Coutinho
Dumas Coutinho
Felisbino era plantador de batata. Devido à pequena lucratividade do negócio, vislumbrando outra atividade mais lucrativa, deixou de plantar roça e montou uma barraca para vender laranja, na beira da estrada que dava para a capital. Teve um idéia luminosa e pediu a um pintor de letras que fizesse uma faixa com os dizeres: “Laranjas docinhas como mel – leva um cento por R$ 20,00."

Às seis horas da manhã, Felisbino abastecia a barraca com as laranjas, doces como mel, almoçava ali mesmo e, por volta de 18 horas, ao escurecer, contava a féria do dia. Em pouco prazo adquiriu uma pick-up Fiat para se livrar do carreto com as laranjas. Tudo ia às mil maravilhas até que, um dia, seu filho mais velho, que morava na capital, lhe disse: “Pai, as coisas vão mal, a bolsa despencou, a economia dos norte-americanos está no fundo do poço, a crise é geral, hoje a economia está globalizada!”

Felisbino pensou: “Meu filho mora na capital, lê jornais, escuta rádio, vê televisão... Ele tem razão, a crise chegou”. E concluiu: “De fato as vendas de laranjas diminuíram, o preço da gasolina subiu, passam menos carros na estrada”. Tirou a faixa que dizia “Leva um cento por R$ 20,00 – laranjas docinhas como mel” – passou a abrir a barraca depois do almoço, por volta do meio-dia...

Passado algum tempo, as vendas despencaram Felisbino, não suportando a situação, fechou a barraca, vendeu a pick-up Fiat, voltou a plantar batata!